Temos vindo a assistir a um grande desafio nos relacionamentos, nos encontros e nos desencontros. Mais do que apenas entre homens e mulheres, entre o feminino e o masculino. Se noutras épocas os papéis estavam muito bem delimitados, agora mesclam-se, o que, além das claras vantagens, criou alguns desafios: as óbvias conquistas de liberdade, igualdades, diversidade de relacionamentos, as reformas nos códigos legais ligados ao casamento (legalização do casamento entre homossexuais, facilidade no divórcio, união de facto), a revolução e a liberdade sexuais. Estamos mais exigentes, queremos mais do(a) nosso(a) companheiro(a).
Todas estas conquistas tiveram também as suas consequências. Perdemos o sentido de identidade, criámos um vazio existencial. A nossa expectativa é de que o outro preencha esse vazio que só pode ser preenchido por nós. Queremos um sentimento de pertença, mas temos medo de pertencer, tememos que o outro nos roube de nós. Medo de ter e medo de perder, de perder o outro e de me perder no outro. Cada um de nós tem energia feminina e energia masculina dentro de si. Para homens e mulheres, a energia feminina representa a nossa parte mais profunda e sábia, que comunica connosco através da nossa intuição. Se não lhe prestamos atenção consciente, a nossa intuição tenta fazer-se ouvir através de sonhos, emoções e do nosso corpo físico. A energia feminina é também a nossa capacidade de sentir, de dar e de receber carinho, afeto e amor, de exprimir as nossas emoções e desejos. A energia masculina em nós (homens e mulheres) representa ação, força de vontade, a capacidade de pensar, de falar, de movimentar os nossos corpos e de fazer coisas no mundo físico. O caminho é a integração em cada um de nós dos nossos aspetos masculinos e femininos, e não a sua negação.
Para resolvermos esta crise das relações, homem e mulher têm de ressignificar os seus papéis. Cada um tem de resgatar o seu aspeto masculino/feminino, perder o medo de amar, tornar-se cúmplice, descobrir-se. É importante despirmo-nos dos anteriores estereótipos.
O que podemos fazer para integrar e estimular o feminino? Relaxar, fazer exercícios na água (por exemplo, boiar), trabalhar a terra, cultivar algo, cuidar de uma planta, fazer exercícios de respiração com movimentos pélvicos, observar a lua cheia (a lua é um símbolo do feminino). O caminho da energia feminina é o do coração, do sentir.
O que se pode fazer para integrar e estimular o masculino? Palavras cruzadas, ter iniciativas, sair da inércia, entrar em qualquer processo de aprendizagem prático, organizar, arrumar. O caminho da energia masculina é o do fazer, a ação.